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domingo, 17 de junho de 2012

Zos Kia Cultus e os Corpos Dóceis

O pensamento ocultista ou esotérico aparece como um campo a parte, ele é especializado, assim como os demais campos do saber, fenômeno de nossa atualidade,  mas eu sempre me pergunto por que não pode ele permear e fazer parte do rico universo consagrado e instituído pela academia. Ela nos aparece presa às suas limitações formais e valorativas, mas por que não, porque não nos cabe fazer uma síntese alquímica do logos?
O filósofo Foucaut apresenta uma interessante tese acerca do poder da disciplina sobre os corpos. Enquanto magistas, sabemos a importância sem precedentes da disciplina, do trabalho sobre o corpo. Trata-se aqui de um processo de acordo sagrado estabelecido com o corpo, o físico. Os primeiros graus de um neófito deve percorrer o domínio sobre hábitos e maneirismos, e durante todo o processo este "dever" sobre o corpo persiste. O corpo é o caminho da libertação.

Mas ele pode ser também o meio para a dominação, para a dominação institucional e global sobre nossas vidas e escolhas. Houve um processo histórico ao longo dos séculos XVII e XVIII que transformaram a disciplina dos corpos como um modo de dominação, um processo de castramento de nossa liberdade a partir de um processo de dissociação do poder do corpo, ou a partir da dissociação da Vontade da carne.
E sim, isto sempre aconteceu nas escolas, nas igrejas, nas empresas, hospícios, exércitos, cadeias e até mesmo hospitais, e vem se estendendo, nos dias de hoje em muitas esferas de nossa vida cotidiana, para além destas instituições.
Se pergunte, como você consegue ficar tanto tempo na frente desta tela luminosa, sentado em seu trabalho, aturando o ônibus, o metrô lotado, andando de um determinado modo em determinadas calçadas, e ainda, sempre a partir o horário estipulado? Ou mesmo, trepando de um certo modo...

O corpo traduz uma fala, um discurso. O que significaria, em um rito, a necessidade de se ajoelhar, ou de outra forma estendermos nossos braços para o alto, para o céu e as estrelas a fim de proclamar a invocação?





É essencial sentirmos a carne, a terra, e a vitalidade que percorre seus processos.

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